quarta-feira, 2 de março de 2011

Avaliação, avaliação, avaliação...

Aqui, no reino das escolas, vamos gastando o nosso tempo, as nossas energias, as nossas competências e a nossa paciência, com um processo avaliativo que nada tem para dar à escola e aos seus actores...

Parece que nos querem fazer esquecer os cortes nos salários, as alterações curriculares do próximo ano lectivo (por razões meramente economicistas), obraigando-nos a jogar o jogo perigoso da "avaliação".


Ninguém duvida da necessidade de sermos avaliados... para além de ser uma necessidade, é um dever e um direito...

A avaliação entre pares num sistema tão específico como o sistema de ensino, não pode, no actual sistema de avaliação, ser um sistema transparente e justo.

Vejamos, eu avalio o meu colega X, que por acaso (será?) faz parte do meu grupo disciplinar, que por acaso, tem uma habilitação académica inferior e uma habilitação profissional superior...
Eu candidato-me ao excelente e ao bom e o meu colega também... eu sou relatora e avaliada no mesmo sistema, pelos mesmos critérios...

Confuso? Também acho...

Surgem nesta e noutras situações, uma serie de conflitos éticos e profissionais, que deveriam servir imediatamente de escusa ao relator...

Conseguirei eu ser justa, responsável e imparcial e não pensar que estamos todos a concorrer para os mesmos objectivos, quando avalio o meu avaliado? Ou seja, se o meu colega tiver uma boa avaliação e eu não a obtiver, o meu colega poderá ser “premiado” com uma melhor graduação no grupo disciplinar a que pertencemos os dois... se pelo contrário, eu obtiver uma melhor avaliação, poderei vir a ser graduada à frente do meu avaliado no grupo disciplinar a que pertencemos os dois...

Confuso? Também acho...

Mais confusão ainda se coloca neste "sistema", se falarmos de cotas... Independentemente da avaliação do relator, a avaliação do docente fica condicionada às cotas estabelecidas e que mais uma vez colocam professores contra professores...

As cotas são pequenas, porque se alguma vez formos "descongelados", é obvio que só alguns, poucos muito poucos, poderão chegar ao topo da carreira...

Confuso? Também acho...

Sobretudo porque sobre os professores nos últimos anos têm sido perpetrados os maiores atentados contra a sua dignidade e profissionalismo...

Deixem-nos trabalhar e fazer aquilo que melhor sabemos... ensinar e partilhar, com a intenção de que os nossos alunos possam construir um mundo BEM MELHOR do que este...

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