segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Nós nascemos para ter asas...Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.



Descobri o José Fanha na secção de economia do Jornal Expresso! Lugar estranho para encontrar tão grande poeta e escritor!
Obrigada Sr. Professor por este poema que tanto nos ensina sobre a arte de ensinar e aprender...

Nós nascemos para ter asas meus amigos.

Não se esqueçam de escrever por dentro do peito: nós nascemos para ter asas.

No entanto, em épocas remotas vieram com dedos pesados de ferrugem para gastar as nossas asas assim como se gastam tostões.

Cortaram-nos as asas como se fôssemos apenas operários obedientes, estudantes atenciosos, leitores ingénuos de notícias sensacionais, gente pouca, pouca e seca.

Apesar disso, sábios, estudiosos do arco-íris e de coisas transparentes, afirmam que as asas dos homens crescem mesmo depois de cortadas, e, novamente cortadas de novo voltam a ser.

Aceitemos essa hipótese, apesar de não termos dela qualquer confirmação prática.

Por hoje é tudo. Abram as janelas. Podem sair.


José Fanha, 1985, Cartas de Marear 

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